DEPOIMENTO:
Gumercindo Ferreira dos Santos, Mister COFESA
Poetinha
Silas
Desde
que eu era um imberbe guri que amava os Beatles e Tonico & Tinoco, numa
Itararezinha de antigamente – e não se faz mais antigamente como antigamente – em
que trabalhava de vender dolé de groselha preta nas ruas de cacau quebrado da
cidade, ou mesmo, labutava de garçom no Bar do Calixtrato na Praça Coronel
Jordão, que eu já me mirava nas referências de alto nível de minha aldeia
amada, do comerciante batalhador e de respeito Gumercindo Ferreira dos Santos, do
fotógrafo Gustavo Jansson ao historiador Adriano Queiroz Pimentel, passando
pelo amigo e patrono, artista plástico premiado Jorge Chuéri, entre outras personalidades
de renome de minha terra-mãe, chão de estrelas, com uma história que toda
cidade gostaria de ter...
Assim,
dar agora um DEPOIMENTO sobre o Gumercindo Ferreira dos Santos invoca toda uma
safra de doces memórias na tábua de esmeraldas do tempo-rei, na lavoura da
saudade e de seus canteiros. Já poetinha, eu brincava de dizer, claro, poetando
pueril: “Nossa Senhora de Itararé, d Barreira/Tende dó de mim,
pobrezinho/Dai-me a dinheirama toda do Gumercindo/Que o restante eu consigo
sozinho...” Mais pra frente ainda, cabelo na testa, calça calhambeque, botinha
sem meia, auge da Jovem Guarda, romântico eu sonhava em me casar com a bela
Andrea filha do Gumercindo, a quem eu respeitava e até hoje admiro, e era
quando algum amigo me maroteava, retrucando na bucha: -Se enxergue, Piá!
Cresci
ouvindo lendas sobre o mito que o Gumercindo se tornou, no historial de Itararé.
De família pobre mas batalhadora, ele tomou pé de sua própria vida, como na
canção My Way de Frank Sinatra, fez a sua vida de seu jeito. Vendia bananas na
rua, dizia um. Começou com secos e molhados num empório no alto da Vilosório,
dizia outro. Trabalhador e altruísta, diziam. E eu, já jovem, escrevendo para o
Jornal O Guarani do Hermínio Lages, tinha sempre um especial olhar bondoso do
Gumercindo, conversando comigo, me elogiando, com o respeito de um homem digno
que era, de caráter e ainda sendo esmerado cristão, para um menino de origem periférica
e humilde como eu.
Mais
pra frente, nos gloriosos bailes do CAF-Clube Atlético Fronteira de Itararé, lá
estava o Gumercindo de um lado e eu entre amigos boêmicos e noiteadeiros de
outro. Certa feita, um garçom trouxe até nossa mesa umas cervejas, e disse,
apontando: -Foi aquele sr. lá quem mandou e pagou. Olhe e era o Gumercindo na
fauna notívaga dessa Itararé emperiquitada, em forfé, cheia de iluminuras. De
outra feita, na Cantina do Tio Jannys, ainda almoçando com esposa musa, ele, ao
sair, informou: -Está tudo pago, Silas. O Jannys então comentou: Ele deve ver
alguma coisa especial em você; deve respeitar muito seu trabalho, sua pessoa,
sua vida... suas loucuras...
De
outra feita, o amigo Mestre Ataliba do Acordeom contou-me que o gerente da
rádio na época, já falecido, disse que não queria que no programa de
sanfoneiros caipiras citassem o meu nome ou falassem dos meus causos, escritos
e poetarias. Chateado, triste, claro, fui falar com o Gumercindo, que chamou o
gerente da rádio às vias de fatos, depois me dando retorno, com humildade,
respeito, carinho e extrema consideração. Como esquecer isso de um homem
poderoso, rico, vencedor, prestando atenção num poeta sonhador, sem lenço e sem
documento. Mesmo nas festividades do Centenário de Itararé, lá estava
Gumercindo com projetos, ajudando, fazendo parte das cabeças pensantes e das mentes
brilhantes do rol da sociedade em festejos e comemorações oficiais. Ele mesmo,
claro, tem muitas histórias para contar... Nossa vida é um livro aberto?
Na
Cofesa, você o vê, não pedindo para o funcionário distraído pegar o cestinho de
compras vazio que algum cliente distraído largou no chão da loja, mas ele mesmo
vai lá e pega e guarda. A melhor instrução é o exemplo? Pois eu devo ter
vencido na vida com as mãos limpas, por ter referenciais de pessoas de gabarito
como o Gumercindo Ferreira dos Santos. Quando ele esteve como vítima, refém de
um sequestro, parei minha rotina em São Paulo, preocupado, transido. Era como se
alguém do meu clã estivesse em perigo, sofrendo. Clamamos por Deus em sua
defesa nessa hora de tristeza e dor. Fiquei em contato direto com amigos
antenados de Itararé, via Redes Sociais. Liguei pra minha mãe, que era
considerada um pilar do grupo de orações da Igreja Assembleia de Deus em
Itararé, e ela disse que todos estavam orando por ele naquela situação difícil,
delicada, e a igreja fazia profissão de fé em cuidados de Deus por ele. E disse
ainda que na verdade toda Itararé inteirinha estava parada, estava sofrendo,
estava pedindo a Deus por seu filho amado. Na dor, os que se amam choram e
pedem proteção para os que merecem ser amados... À época, lembro-me muito bem, preocupado,
querendo acompanhar tudo, corri atrás de saber noticias do andamento das investigações,
buscando no Google informações, a respeito, e foi quando vi, num vídeo certamente
que postado pela policia do Paraná, o local do cativeiro dele, na hora em que
estraram, ele prostrado, mas logo em seguida para estava de pé para ser
libertado, com a graça de Deus. Meninos, eu vi. Vi, senti, sofri e chorei
muito. Há um Deus! Assim na terra como no céu...
Indo
passear em Itararé dali pra frente, volta e meia encontrava com o Gumercindo,
que às vezes como seu eu fosse um menino de sua família, me passava um pito,
cobrando. “Lá de cima vi você passando com sua esposa lá embaixo na Rua São
Pedro, equina das lojas, e reclamei que você não tenha subido para dar um
abraço aqui no seu amigo e admirador”. Eu me sentia morando no coração dele.
Por uma outra ocasião e um contato de seu filho Júnior (que não vejo faz
décadas), a respeito da possibilidade de, como escritor que gostariam que
pudesse poder vir a ajudar na elaboração de um trabalho sobre a própria
vida-livro do Gumercindo, mas, infelizmente tive que recusar a missão. Vivia um
momento de sequelas graves de dor e tratamento pela perda de minha querida matriarca
Dona Eugênia, e tive que recusar o trabalho. Mas sabia que ele cedo ou tarde
encontraria uma mão obreira, e certamente conseguiria realizar a obra que
certamente servirá de exemplo de vida e luta para todos nós; um historial de
sucesso, de visão, de dedicação, certamente com sangue, suor e lágrimas, mas
com tantas barulhanças e contentezas, para construir com enlevo uma vida toda
de sucesso que honra Itararé e dignifica a sociedade Itarareense, clarificando
nas narrativas os momentos e situações, as cenas datadas e conquistas diversas que
mostram o homem, o cidadão, o macroempresário, o ser humano acima de tudo. Como
não admirar o GUMERCINDO e ser fã de carteirinha dele?
No
corrido da hora, assim, numa crônica feita correndinho nessa Sampa de
guerreiros em trabalhos e estudos do nascer ao por do sol, com saudades dessa
Itararé que amamos tanto, é o que posso falar, resumindo até, do Gumercindo
Ferreira dos Santos. Acho que cada Itarareense tem um causo para contar sobre
ele, cada freguês viu nele um vendedor gabaritado, cada empresa que teve relação comercial com ele e suas empresas, viu
o mestre que tem tino para negócio, o homem de palavra, daí porque, fico muito
feliz em também ser uma página no livro da vida dele. Deus não apenas dá asas
para quem sabe voar e tem fé Nele, como também protege voos daqueles vitoriosos
com as mãos limpas que acreditam na força do trabalho e do empreendedorismo.
Super
G? G de GENTE... “Gente mais maior da grande” (como cantou o Gonzaginha na MPB), de SuperGENTE com G de GUMERCINDO.
-0-
Silas
Correa Leite, Poetinha da Estância Boêmia de Santa Itararé das Artes, Chão de
Estrelas, Trincheiras da Legalidade, Bonita pela Própria Natureza, A História
do Brasil Passa Por Itararé.
It
(ar) (ar) é!
E-mail:
poesilas@terra.com.br Blog: www.portas-lapsos.zip.net
O nome correto do gumercindo é ferreira santos sem o dos pois sou nascida em itarare meu sobre nome é ferreira dos santos e nao sou parente do mesmo
ResponderExcluirSim Gumercindo Ferreira Santos. Minha mãe é prima dele
ResponderExcluirFui o primeiro Subgerente das Lojas Cem, filial Itararé. Eu era encarregado de abrir a filial.
ResponderExcluirLembro-me dos bons dias do Gumercindo, ele passando bem cedo a pé com destino a sua Loja Cofesa.
Alguns anos depois, tive o prazer de fechar negócios com ele e confesso que foi um aprendizado que carrego comigo em todas as minhas negociações.
Saudade de Itararé, do povo e do Gumercindo. Sinto falta de vocês!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEm tempo:
ExcluirDai fui promovido para outras filiais, chegando a Gerencia em outras cidades. Se o meu destino permitisse, eu estaria ai até hoje. Amo Itararé.
Pois é, minha mãe prima do Gumercindo
ResponderExcluirPouco se vêem.